segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O que a gente não vê, o cérebro (re)inventa (ou, vi Jesus na bunda do cachorro): parte I

Você alguma vez já se perguntou se tudo que você vê, existe, ou, se tudo que existe, você vê? Estas perguntas podem ser respondidas através de experimentos muito simples. Vamos à primeira pergunta:

se você vê tudo que existe


Olhe bem a figura abaixo. Perceba tudo o que existe nela. Comece pelos círculos coloridos situados na periferia. Agora, concentre o seu olhar (por cerca de 30 seg.) no ponto central da figura. 





Você percebeu que os círculos coloridos foram, pouco a pouco, desaparecendo?


Talvez você esteja pensando, isso provavelmente não aconteceria em uma situação cotidiana. Para testar isso e alertar os motoristas britânicos sobre os perigos de dirigir sem prestar atenção nos ciclistas, os caras do dothetest.co.uk utilizaram o teste abaixo para verificar a atenção geral, de qualquer pessoa, enquanto ela está concentrada em uma tarefa específica.


Teste de atenção 



Como foi? Bem ou você atropelaria o ciclista? Se você quer se redimir do seu desempenho ou aprimorá-lo, tente outra vez. É o mesmo procedimento. Mas agora você tem duas funções, contar os passes e dizer o que o gorila vai fazer.




Se você foi mau nos testes, não se preocupe, isso acontece com boa parte de quem participa. Para se conformar um pouco, assista este vídeo aqui que fala sobre um tipo especial de cegueira que acontece frequentemente, a cegueira de escolha.




Agora vamos às coisas que você vê, e que de fato, não existem.


Você consegue contar quantos pontos pretos aparecem/piscam nas figuras abaixo?







Estas duas figuras anteriores são diferentes versões da Hermann gris illusion, criada pelo fisiologista alemão Ludimar Hermann (Berlin, 1838 – Königsberg, 1914). 


Ou  consegue ver o triângulo?


Este triangulo é conhecido como o Triângulo Kanizsa e foi criado pelo psicólogo e artista italino Gaetano Kanizsa (Trieste, 1913 – 1993).


E a pombinha vermelha, você enxerga? 

Bom, para este teste, você deve olhar fixamente para o ponto preto no interior da pombinha durante aproximadamente 40 segundos e depois, imediatamente, olhar para um fundo branco, uma parede, por ex. Se você quiser adicionar um pouco de efeito para ficar mais legal, pisque continuamente enquanto olha a parede.




Falando ainda em coisas que não existem, a “força” mais poderosa que pode levar alguém a ver "algo", é o senso comum, a crença, ou, a fé. Você provavelmente já escutou muitas estórias de pessoas dizendo que viram uma luz branca ou ouviram uma voz enquanto estavam tendo uma experiência de quase morte (aquelas pessoas que apresentaram parada cardiorrespiratória, por ex., e que foram reanimadas). Supostamente, se existe céu, também existe inferno, certo? Você já se perguntou por que só temos notícia de gente que viu a tal luz branca mas nunca ouvimos falar sobre pessoas que sentiram cheiro de enxofre, fumaça ou voltaram um pouco sapecadas? Bom, fatos como estes sustentam ainda mais a tese do que “ver” é antes de tudo, “acreditar”. Se você duvida disso, dá uma olhada na imagem abaixo (e nesta coleção de imagens aqui: "aparições"), e me diz o que você vê, seu pecador!




No próximo volume desta série, tentarei explicar porque o nosso cérebro “vê” coisas que não existem, é “cego” para um monte de outras coisas, e nos passa somente um resumo daquilo que chamamos de mundo real.

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